domingo, 28 de janeiro de 2007

1 de Agosto de 1981: " O 1º dia da MTV "

A ideia de uma canal dedicado à música não era nova quando surgiu a MTV. De facto, pode considerar-se o " Sight of Sound " como a génese daquele canal musical, quando em 1977 a Warner Communications e a American Express, através da joint-venture Warner Amex Cable criaram o primeiro sistema de TV por cabo interactivo (QUBE). Do pacote de canais comercializados encontrava-se o " Sight of Sound ", que permitia aos telespectadores votarem nas canções e artistas preferidos. O sucesso foi tal que a Warner Cable Amex Cable decidiu abrir o canal a outros operadores de cabo a nível nacional, com nome e formato novos (Videoclip). Nascia então a MTV - Music Television.

Video killed the radio star... os " The Buggles " foram os primeiros

A MTV é muito mais do que um canal de música. Desde o seu aparecimento no início dos anos 80 que cedo se afirmou como um canal que iria revolucionar a forma de comunicar em televisão, criando um novo espaço para a divulgação do, até então, menosprezado videoclip. Som e imagem eram agora um só.
Mas de sucesso comercial a fenómeno cultural vai um grande passo e a MTV teve o mérito de alcançá-lo, e porquê?
A emissão, quase ininterrupta, de música com destaque para os videoclips fez surgir um novo mercado anteriormente dominado pela rádio. Se até aqui bastava uma música passar na rádio para ser conhecida, a partir desta altura ela teria de ser vista na televisão. Mais importante do que ser-se ouvido era ser-se visto. O videoclip passa a ser encarado como um importante meio promocional, sendo explorado profissional e comercialmente por uma nova geração de músicos cujas carreiras foram construídas para e à custa da MTV.
Na primeira metade da década de 80 uma banda interiorizou este espírito mais do que todas as outras: os Duran Duran, enquanto na segunda podemos destacar os noruegueses A-ha. Pelo meio temos nomes como Michael Jackson ou Madonna, igualmente perspicazes na abordagem ao videoclip.
Durante cerca de vinte anos, foram estas as regras da promoção musical até ao aparecimento da Internet. A livre partilha de música e vídeos tem vindo aos poucos a pôr em causa este conceito. A televisão olha agora com desconfiança para uma Internet mais informal e adaptável à mudança.
Mas em 1981 era a MTV quem protagonizava a mudança: o cenceito era novo, o “ look “ apelativo a até os apresentadores denominavam-se VJs (ou seja, DJs de vídeos). A adesão dos jovens norte-americanos e, quatro anos mais tarde, dos europeus, a um canal que falava a sua linguagem foi imediata, o apelo era irresistível. Cada vez mais jovens em todo o mundo tinham acesso às emissões da MTV.


Os " Dire Straits " na 1ª emissão da MTV Europe em 85, com Money for nothing


“ O estilo prevalece sobre o conteúdo e a técnica sobre o argumento “ (MTV Look)

O “ MTV Look “ era de facto uma imagem de marca. Especialista na promoção da imagem de outros, a MTV sabia muito bem como promover a sua própria imagem. Este conceito era de tal forma popular que houve quem o soubesse aproveitar da melhor maneira e aplicá-lo fora do universo da música. O resultado foi “ Miami Vice “ (série de TV) e o autor da proeza Michael Mann, o mesmo de Collateral, The Aviator e Miami Vice (filme). Esta popular série policial protagonizada por Don Johnson e Philip Michael Thomas (transmitida entre 84 e 90), tornou-se a coqueluche das séries de TV.

“ Miami Vice has been described as the first cop show for the MTV generation. Brilliantly capturing the mood, the style, the rhythm, the pulsations, the bright electric colors, and the garish glitz of the early '80s, the weekly, 60-minute series was just a much an elongated music video (with a Jan Hammer score) as it was a crime drama -- and it set the standard for the scores of copycat series that followed in its wake. “ (allmovieguide)

domingo, 21 de janeiro de 2007

Depeche Mode - " Reis do Electropop "

Se há bandas que pela sua grandeza merecem ser mencionadas, uma delas é sem dúvida os " Depeche Mode ". São um caso único de longevidade entre todas as bandas surgidas no início dos anos 80, resistindo ao passar do tempo com uma invejável regularidade e sucesso. Se considerarmos o universo do electro/synthpop serão mesmo a banda mais importante em actividade.
Nascidos em 1980 em Basildon, Inglaterra, cedo conheceram o sabor do sucesso com " Just can´t get enough " em 1981, ainda hoje uma das músicas mais célebres dos 80s. Pelo meio ficaram " Everything counts ", " People are people ", " Strangelove ", entre muitas outras. Os anos 90 não podiam ter começado melhor para os Depeche Mode. O álbum " Violator " de 1990 atraiu uma nova legião de fans, sendo considerado o mais importante da banda.
A sua carreira conheceu dois momentos importantes: em 88 com a consagração no mega-concerto do Rose Bowl em Pasadena (L.A.), que deu origem ao álbum ao vivo " 101 ", e em 95 com a tentativa falhada de suicídio de Dave Gahan, encontrado incosciente na sequência de uma overdose de heroína. O fim esteve próximo.
Mas o que destingue as grandes bandas é a sua capacidade de resistência e felizmente os Depeche Mode continuam em boa forma com o seu magnífico som. Esperemos que por muitos mais anos.

No início era assim... " i sometimes wish i was dead ", estávamos em 1981




Escolher as 10 músicas que mais gostamos de um artista não é tarefa fácil. Se alguns pecam pela escassez outros, pelo contrário, primam pela abundância. Os Depeche Mode fazem parte destes últimos, possuindo um repertório bastante vasto. Procurando conciliar critérios de gosto pessoal e de representatividade cronológica, as minhas escolhas são as seguintes:

1 - Just can´t get enough
2 - Everything counts
3 - I sometimes wish i was dead
4 - A question of time
5 - Personal Jesus
6 - Useless
7 - Suffer well
8 - Policy of truth
9 - Enjoy the silence
10 - Strangelove



Depeche Mode no Top Britânico (até 31/12/2005)

Posição geral: 102º (440 semanas)
Albuns: 16 (187 semanas)
Albuns em Top 10: 14
Singles: 42 (253 semanas)
Singles em Top 10: 14

Albuns (excepto compilações) - Posição máxima
Speak and spell - 10º
A broken frame - 8º
Construction time again - 6º
Some great reward - 5º
Black celebration - 4º
Music for the masses - 10º
101 (live) - 5º
Violator - 2º
Songs of faith and devotion - 1º
Ultra - 1º
Exciter - 9º
Playing the angel - 6º


domingo, 7 de janeiro de 2007

" Conquistador " - Da Vinci - Lausanne 1989



Depois de uma ausência forçada o Eléctrico 80 está de volta. O Natal passou-se em família e o Reveillon não podia ter corrido melhor. Estamos então no ano da graça de 2007 com muitas novidades, é claro que as novidades aqui serão sempre velhas novidades lololol. Bem, deixemo-nos de paleio e vamos ao que interessa... a música! O primeiro destaque do ano vai para os Da Vinci, também conhecidos pelos Eurythmics portugueses (ver abaixo).
Em 1989 os Da Vinci protagonizaram um dos mais deliciosos momentos da música portuguesa. O país depositou neles a esperança da primeira vitória no Eurofestival que, naquele ano, iria realizar-se em Lausanne, Suiça. A razão não era para menos, para os padrões pop a música era boa e a imagem: a de um Portugal moderno do qual nos podíamos orgulhar, coisa jamais conseguida em anteriores edições do Eurofestival. Mas quanto mais se eleva a fasquia maior a queda. Resultado: um flop! (16º lugar em 22 e apenas 39 pontos!). Motivo provável para o fracasso: o sistema, ou seja, os habituais lobbies que nunca soubemos contornar e o facto da música não ter sido cantada em inglês (pelo menos parte dela), como o fizeram os Riva da Jugoslávia com " Rock me ", vencedor desse ano.
Opinião pessoal: A nossa canção não era em nada inferior ao muito festivaleiro " Rock me " dos Riva. " Conquistador " tinha tudo o que uma boa música pop podia ter: ritmo, baixo, potente batida a marcar o ritmo e uma actuação cheia de confiança por parte de todos os elementos. Apesar de melhores resultados antes e depois dos Da Vinci, nunca Portugal tinha estado tão perto de conquistar um resultado histórico.




Da Vinci: os " Eurythmics portugueses! ". Apesar de pecar por excesso, esta afirmação não anda assim tão longe da realidade como se possa pensar. Quer em termos musicais quer em termos estéticos estas duas bandas tiveram alguns pontos comuns. Em 1982 " Hiroxima meu amor " pode bem ter sido o " Sweet dreams " dos Da Vinci, com o som electropop do início dos 80s bem presente em ambas as músicas. É de assinalar também o protagonismo dos duos Lennox/Stewart e Lei Or/Pedro Luís em cada banda. Quando comparados com os nossos Da Vinci, a carreira dos Eurythmics foi muito mais relevante, regular e mediática, o que não é de estranhar face às diferenças no panorama musical dos respectivos países de origem.
Os Da Vinci não são uma banda " One Hit Wonder " mas para lá caminham. Como já foi referido tiveram dois grandes êxitos " Hiroxima meu amor " e " Conquistador ". O single " Baby (foi tudo por amor) " editado em 88 pode considerar-se um êxito menor.
Formados em 1982 por Pedro Luís, Lei Or e João Heitor, adoptaram uma imagem futurista e um som electropop ao melhor estilo " New Romantic " britânico. As semelhanças musicais com bandas como Eurythmics, The Human League, OMD, Thompson Twins ou Blancmange são evidentes. Do primeiro álbum " Caminhando " de 83 fazia parte o single " Hiroxima meu amor " lançado no ano anterior e que chegou a disco de prata.
Pelo meio são editados alguns singles longe do sucesso comercial deste último, até que chega " Conquistador " em 89. Por esta altura a banda era formada por Lei Or e Pedro Luís (núcleo central), pelo guitarrista Ricardo, pelo baterista Joaquim Andrade e pelas irmãs Sandra e Dora Fidalgo nos Coros. Os Da Vinci vencem o Festival RTP da Canção e representam Portugal na Eurovisão. Apesar de uma classificação muito aquém das expectativas o sucesso comercial por cá foi enorme. O álbum homónimo é lançado também nesse ano.
A carreira dos Da Vinci conheceu ainda mais quatro álbuns que passaram praticamente despercebidos e uma compilação " Conquistador - Dança dos planetas " editada em 1990.