" O Eléctrico 80 encontra-se temporariamente suspenso por motivos de indisponibilidade de tempo. Apresento desde já as minhas desculpas, prometendo regressar assim que estejam reunidas as condições necessárias à continuação deste projecto, iniciado há cerca de um ano. Até breve... "
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Em 2001 a nostalgia de 80 era assim...
Os Ladytron foram provavelmente a principal revelação electropop de 2001, ano em que outro projecto da mesma área conheceu idêntico protagonismo e recolhecimento, os Zoot Woman (post de 27 de Março). Com influências directas de Kraftwerk e The Human League, entre outros, conseguiram cada um à sua maneira fazer diferentes interpretações das electrónicas de finais de 70, inícios de 80. Enquanto os Zoot Woman seguiram um caminho mais fácil, com uma sonoridade menos reiventada e mais acessível, os Ladytron aventuraram-se por caminhos mais experimentalistas. Os primeiros vendiam uma imagem electro-chique, os segundos eram dos estilo electro-freak.
Os Ladytron formaram-se em 1998 e estabeleceram-se em Liverpool depois do grupo ficar completo. A génese do projecto foram os músicos Daniel Hunt e Reuben Wu (ambos ingleses) que, depois de uma estadia pelo Japão como DJs, viajaram pelo mundo onde acabariam por conhecer na Bulgária a vocalista Mira Aroyo. Pouco tempo depois a escocesa Helen Marnie (segunda vocalista e teclista) tornava-se no quarto elemento do grupo. O primeiro single foi He Took Her to a Movie que viria a fazer parte do álbum de estreia 604, fortemente aclamado pela crítica. Mas a sorte grande dos Ladytron estava reservada para Playgirl, tema que os consagrou e deu a conhecer a um público mais vasto. Depois de 2001 os Ladytron editaram ainda mais dois álbuns de originais (Light & Magic e Witching Hour) e dois de remisturas (Softcore Jukebox e Extended Play), sem que de nenhum destes tivesse resultado um single tão marcante como Playgirl. Vale a pena recordar...
Os Ladytron formaram-se em 1998 e estabeleceram-se em Liverpool depois do grupo ficar completo. A génese do projecto foram os músicos Daniel Hunt e Reuben Wu (ambos ingleses) que, depois de uma estadia pelo Japão como DJs, viajaram pelo mundo onde acabariam por conhecer na Bulgária a vocalista Mira Aroyo. Pouco tempo depois a escocesa Helen Marnie (segunda vocalista e teclista) tornava-se no quarto elemento do grupo. O primeiro single foi He Took Her to a Movie que viria a fazer parte do álbum de estreia 604, fortemente aclamado pela crítica. Mas a sorte grande dos Ladytron estava reservada para Playgirl, tema que os consagrou e deu a conhecer a um público mais vasto. Depois de 2001 os Ladytron editaram ainda mais dois álbuns de originais (Light & Magic e Witching Hour) e dois de remisturas (Softcore Jukebox e Extended Play), sem que de nenhum destes tivesse resultado um single tão marcante como Playgirl. Vale a pena recordar...
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
The Killers e Bloc Party frente a frente!
Depois de Duran Duran Vs Spandau Ballet, Dare! (Human League) Vs Vienna (Ultravox) e Pet Shop Boys Vs a-ha, O Eléctrico 80 apresenta o primeiro frente a frente de duas das bandas mais importantes da actualidade, The Killers Vs Bloc Party, que disputam o mesmo campeonato e que, em Portugal, só não são mais conhecidas do grande público devido às limitações do mercado discográfico nacional, motivados por interesses quer de editoras, quer de rádios as quais não querem correr riscos, apenas apostando no facilitismo de vender música comercial. Tudo isto devido ao facto das editoras venderem cada vez menos música por causa da pirataria, o que as leva a arriscar pouco no que respeita à revelação de novos talentos, preferindo canalizar esforços para o que parece estar garantido. Esta fórmula fácil, partilhada pelas rádios, faz com que outras sonoridades permaneçam fora do alcance da maioria dos portugueses. É fácil dizer-se que não se gosta de determinada música só porque está conotada de alternativa, quando a definição de alternativo só é impeditivo de sucesso comercial em Portugal. Como já uma vez referi, diz-se que não se gosta do que não se conhece e não se conhece porque não é divulgado. No Reino Unido a música dita alternativa disputa as tabelas de vendas ao lado de artistas mainstream, prova da abrangência a abertura do mercado a outras realidades, diga-se sonoridades. Lá o conceito alternativo encontra-se mais esbatido e não está associado apenas a um grupo de " carolas " que seguem um estilo musical diferente do da maioria, que vão a festivais, que apenas ouvem a única rádio alternativa que existe em Portugal. Infelizmente é a triste realidade do nosso país mas como o post é sobre os Bloc Party e os The Killers, e depois deste aparte, é deles que vamos falar.
Com já referi são duas bandas importantantes do rock da nova geração, perfeitamente estabelecidas, cujo potencial perspectiva um futuro promissor. Se há nomes que logo à partida não passam de fenómenos efémeros, penso não ser o caso dos Bloc Party e dos The Killers. A carreira destas bandas apresenta alguns pontos comuns, como o facto de ambas terem editado dois álbuns, em que os últimos tiveram um acolhimento menos entusiástico pela crítica relativamente aos primeiros. As preocupações artísticas são também uma imagem de marca, ao nível dos membros da banda nos caso dos The Killers e das excelente execuções gráficas das capas dos singles dos Bloc Party. Em Portugal, por exemplo, A Weekend In The City, o segundo álbum dos Bloc Party esteve longe dos elogios do álbum de estreia Silent Alarm, situação bem diferente da do Reino Unido onde a crítica considerou A Weekend In The City, igualmente, como um excelente trabalho.
Começando pelos de The Killers... naturais de Las Vegas, formaram-se em 2002 por Brandon Flowers (vocalista e teclados), David Keuning (guitarra), Mark Stoermer (baixo), e Ronnie Vannucci (bateria). Quer a nível de sonoridade quer de imagem foram até ao primeiro álbum Hot Fuss, de 2004, uma banda New Wave com um grande sentido de estilo, na linha dos seus compatriotas The Bravery. Eram mais ou menos como uns Duran Duran da nova geração e muito mais próximos do Reino Unido do que do seu país natal. O álbum de estreia foi um sucesso e vendeu mais de cinco milhões de cópias. Os singles Somebody Told Me e Mr. Brightside tiveram aceitação imediata. Mas Hot Fuss não se fica por aqui e temas como Smile Like You Mean It, All These Things That I`ve Done, Change Your Mind ou Midnight Show são igualmente merecedores de destaque. Quanto ao segundo álbum Sam`s Town, de 2006, houve uma tentativa de americanizar a sonoridade. Mais ambicioso e épico, são notórias influências do período em que os U2 se estabeleceram na América. Apesar da banda afirmar que não faz música para os gostos dos americanos, e isso poderá ser válido para o primeiro álbum, já no segundo existe uma evidente aproximação a clássicos como Springsteen. O próprio nome do álbum não deixa margem para dúvidas bem como todos os pormenores relacionados com o trabalho artístico da capa, com fotos do deserto a fazer lembrar a paisagem quando se abandona a terra natal da banda, Las Vegas. O destaque imediato vai naturalmente para os singles When You Were Young e Read My Mind, cujo magnífico video curiosamente não tem nada a ver a América. Filmado em Toquio é provavelmente um dos videos mais visionados do YouTube. A conferir também os temas Sam`s Town, Bling (Confession of a King), For Reasons Unknow ou Bones.
Quanto aos Bloc Party, que curiosamente são um pouco menos populares no Reino Unido do que os The Killers (em Portugal passa-se precisamente o contrário, facto ao qual não terá sido alheio a passagem da banda britânica, por duas vezes este ano, pelo nosso país), formaram-se em Londres, em 2003. Fazem parte da banda o vocalista Kele Okereke (o carismático vocalista de voz ácida, que também toca guitarra), Russel Lissack (guitarra), Gordon Moakes (baixo/voz) e Matt Tong (bateria). Primeiro denominaram-se Angel Range, depois Union, mudaram em 2004 para Bloc Party. Tornaram-se conhecidos quando Kele Okereke enviou uma demo aos Franz Ferdinand, que os convidou a tocar na festa de aniversário da Domino Records (editora de Franz Ferdinand e Artic Monkeys, entre outros). Quando comparados com os The Killers, os Bloc Party são uma banda assumidamente mais rock (na sua vertente alternativa). As influências vão desde os Gang of Four, The Cure até Sonic Youth, sem esquecer Joy Division. De forma a refrear a sua vocação punk-rock e chegar a um público mais vasto souberam encontrar a fórmula equilibrada entre guitarras salientes e música de contornos pop, revelando desde cedo evidentes preocupações artísticas nomeadamente no que diz respeito à busca de uma uniformidade estética para as capas dos singles, site, lettering do nome da banda, etc. De facto a fórmula resultou e depois de um primeiro EP, em 2004, é finalmente editado o álbum de estreia Silent Alarm no ano seguinte. A crítica recebeu o álbum com entusiasmo, tendo sido considerado um dos melhores desse ano. Destacaram-se os singles So Here We Are e Banquet, este último utilizado até à exaustão na campanha publicitária da Vodafone, sendo a música mais popular da banda. Para além dos singles principais, fazem parte de Silent Alarm excelentes temas como Like Eating Glass, Helicopter, Blue Light ou This Modern Love. Outro single popular é Two More Years, que fez parte de Silent Alarm Remixed (versão japonesa) bem como de algumas compilações indie. Passando agora a Weekend In The City... mais pesado e negro o segundo álbum dos Bloc Party não foi tão consensual no que respeita à crítica (pelo menos em Portugal), apesar de mais ambicioso no tema e na sonoridade. Trata-se de facto de um álbum conceptual que fala de temas como a solidão e o desânimo nas grandes urbes (mais concretamente Londres). Enquanto Silent Alarm é de um rock mais contido, A Weekend In The City explora mais as guitarras. Exemplo disso é a faixa de abertura Song For Clay (Desappear Here), que apresenta uma sonoridade muito próxima do rock épico dos Muse. O single de apresentação ficou a cargo de The Prayer, seguido de I Still Remember e Hunting for Witches, ambos grandes sucessos. Realce também para o já aqui referido Song For Clay e também para Waiting for the 7.18 e Sunday.
Depois do lançamento dos segundos álbuns que, apesar da crítica menos favorável, estão a aguentar-se muito bem no mercado, prova de que a crítica em grande parte precipitada acabou contrariada pelos gostos do público, ambas as bandas não dão mostras de quererem parar. Os The Killers lançaram recentemente Sawdust, compilação de lados B e outros extras, onde se destacam o inédito Tranquilize (dueto com Lou Reed) e a versão de Shadowplay dos Joy Division. Trata-se essencialmente de uma peça de colecção para fãs e entusiastas da banda e que servirá para manter os The Killers à tona no período entre os esgotamento de Sam`s Town e o lançamento do terceiro álbum.
Já os Bloc Party acertaram em cheio com Flux, o seu mais recente single, que à partida parece ter reunido o consenso da crítica, a fazer lembrar os tempos de Silent Alarm. A sonoridade de Flux é mais dançável e faz lembrar Two More Years. A ver vamos o caminho que a banda vai seguir no próximo álbum, cuja data ainda não foi anunciada oficialmente. Para terminar, deixo-vos com os videos Read My Mind do The Killers e I Still Remember dos Bloc Party.
Com já referi são duas bandas importantantes do rock da nova geração, perfeitamente estabelecidas, cujo potencial perspectiva um futuro promissor. Se há nomes que logo à partida não passam de fenómenos efémeros, penso não ser o caso dos Bloc Party e dos The Killers. A carreira destas bandas apresenta alguns pontos comuns, como o facto de ambas terem editado dois álbuns, em que os últimos tiveram um acolhimento menos entusiástico pela crítica relativamente aos primeiros. As preocupações artísticas são também uma imagem de marca, ao nível dos membros da banda nos caso dos The Killers e das excelente execuções gráficas das capas dos singles dos Bloc Party. Em Portugal, por exemplo, A Weekend In The City, o segundo álbum dos Bloc Party esteve longe dos elogios do álbum de estreia Silent Alarm, situação bem diferente da do Reino Unido onde a crítica considerou A Weekend In The City, igualmente, como um excelente trabalho.
Começando pelos de The Killers... naturais de Las Vegas, formaram-se em 2002 por Brandon Flowers (vocalista e teclados), David Keuning (guitarra), Mark Stoermer (baixo), e Ronnie Vannucci (bateria). Quer a nível de sonoridade quer de imagem foram até ao primeiro álbum Hot Fuss, de 2004, uma banda New Wave com um grande sentido de estilo, na linha dos seus compatriotas The Bravery. Eram mais ou menos como uns Duran Duran da nova geração e muito mais próximos do Reino Unido do que do seu país natal. O álbum de estreia foi um sucesso e vendeu mais de cinco milhões de cópias. Os singles Somebody Told Me e Mr. Brightside tiveram aceitação imediata. Mas Hot Fuss não se fica por aqui e temas como Smile Like You Mean It, All These Things That I`ve Done, Change Your Mind ou Midnight Show são igualmente merecedores de destaque. Quanto ao segundo álbum Sam`s Town, de 2006, houve uma tentativa de americanizar a sonoridade. Mais ambicioso e épico, são notórias influências do período em que os U2 se estabeleceram na América. Apesar da banda afirmar que não faz música para os gostos dos americanos, e isso poderá ser válido para o primeiro álbum, já no segundo existe uma evidente aproximação a clássicos como Springsteen. O próprio nome do álbum não deixa margem para dúvidas bem como todos os pormenores relacionados com o trabalho artístico da capa, com fotos do deserto a fazer lembrar a paisagem quando se abandona a terra natal da banda, Las Vegas. O destaque imediato vai naturalmente para os singles When You Were Young e Read My Mind, cujo magnífico video curiosamente não tem nada a ver a América. Filmado em Toquio é provavelmente um dos videos mais visionados do YouTube. A conferir também os temas Sam`s Town, Bling (Confession of a King), For Reasons Unknow ou Bones.
Quanto aos Bloc Party, que curiosamente são um pouco menos populares no Reino Unido do que os The Killers (em Portugal passa-se precisamente o contrário, facto ao qual não terá sido alheio a passagem da banda britânica, por duas vezes este ano, pelo nosso país), formaram-se em Londres, em 2003. Fazem parte da banda o vocalista Kele Okereke (o carismático vocalista de voz ácida, que também toca guitarra), Russel Lissack (guitarra), Gordon Moakes (baixo/voz) e Matt Tong (bateria). Primeiro denominaram-se Angel Range, depois Union, mudaram em 2004 para Bloc Party. Tornaram-se conhecidos quando Kele Okereke enviou uma demo aos Franz Ferdinand, que os convidou a tocar na festa de aniversário da Domino Records (editora de Franz Ferdinand e Artic Monkeys, entre outros). Quando comparados com os The Killers, os Bloc Party são uma banda assumidamente mais rock (na sua vertente alternativa). As influências vão desde os Gang of Four, The Cure até Sonic Youth, sem esquecer Joy Division. De forma a refrear a sua vocação punk-rock e chegar a um público mais vasto souberam encontrar a fórmula equilibrada entre guitarras salientes e música de contornos pop, revelando desde cedo evidentes preocupações artísticas nomeadamente no que diz respeito à busca de uma uniformidade estética para as capas dos singles, site, lettering do nome da banda, etc. De facto a fórmula resultou e depois de um primeiro EP, em 2004, é finalmente editado o álbum de estreia Silent Alarm no ano seguinte. A crítica recebeu o álbum com entusiasmo, tendo sido considerado um dos melhores desse ano. Destacaram-se os singles So Here We Are e Banquet, este último utilizado até à exaustão na campanha publicitária da Vodafone, sendo a música mais popular da banda. Para além dos singles principais, fazem parte de Silent Alarm excelentes temas como Like Eating Glass, Helicopter, Blue Light ou This Modern Love. Outro single popular é Two More Years, que fez parte de Silent Alarm Remixed (versão japonesa) bem como de algumas compilações indie. Passando agora a Weekend In The City... mais pesado e negro o segundo álbum dos Bloc Party não foi tão consensual no que respeita à crítica (pelo menos em Portugal), apesar de mais ambicioso no tema e na sonoridade. Trata-se de facto de um álbum conceptual que fala de temas como a solidão e o desânimo nas grandes urbes (mais concretamente Londres). Enquanto Silent Alarm é de um rock mais contido, A Weekend In The City explora mais as guitarras. Exemplo disso é a faixa de abertura Song For Clay (Desappear Here), que apresenta uma sonoridade muito próxima do rock épico dos Muse. O single de apresentação ficou a cargo de The Prayer, seguido de I Still Remember e Hunting for Witches, ambos grandes sucessos. Realce também para o já aqui referido Song For Clay e também para Waiting for the 7.18 e Sunday.
Depois do lançamento dos segundos álbuns que, apesar da crítica menos favorável, estão a aguentar-se muito bem no mercado, prova de que a crítica em grande parte precipitada acabou contrariada pelos gostos do público, ambas as bandas não dão mostras de quererem parar. Os The Killers lançaram recentemente Sawdust, compilação de lados B e outros extras, onde se destacam o inédito Tranquilize (dueto com Lou Reed) e a versão de Shadowplay dos Joy Division. Trata-se essencialmente de uma peça de colecção para fãs e entusiastas da banda e que servirá para manter os The Killers à tona no período entre os esgotamento de Sam`s Town e o lançamento do terceiro álbum.
Já os Bloc Party acertaram em cheio com Flux, o seu mais recente single, que à partida parece ter reunido o consenso da crítica, a fazer lembrar os tempos de Silent Alarm. A sonoridade de Flux é mais dançável e faz lembrar Two More Years. A ver vamos o caminho que a banda vai seguir no próximo álbum, cuja data ainda não foi anunciada oficialmente. Para terminar, deixo-vos com os videos Read My Mind do The Killers e I Still Remember dos Bloc Party.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Concerto - Xutos & Pontapés: 20 Anos de " Circo de Feras "
Os Xutos & Pontapés vão dar dois concertos nos próximos dias 8 e 9 de Dezembro, no Campo Pequeno, para assinalar os 20 Anos do lançamento de Circo de Feras. Se há álbuns que marcam a carreira de um artista ou banda, no caso dos Xutos, pode dizer-se que foi o disco certo no momento certo, e porquê? Todo o respeito e popularidade que a banda de Tim e companhia foram conquistando ao londo dos anos, garantiu-lhes o estatuto que têm hoje, e isso deve-se em grande parte a Circo de Feras. Não está aqui em causa saber se este será, ou não, o melhor álbum dos Xutos & Pontapés, antes prestar-lhe a devida homanagem enquanto álbum mais importante da sua carreira. Mas a importância deste álbum não se limitou a transformar uma banda de rock de génese punk relativamente conhecida num fenómeno de massas, faz também parte da história da música portuguesa, numa altura em que o boom do rock português não eram mais do que uma recordação. Por esta altura os Xutos já não eram propriamente uns novatos, levando na bagagem quase nove anos de carreira e dois LP: 1978-1982 (compilação de temas editados neste período) e Cerco, que apesar de mini-LP poderá considerar-se o primeiro álbum, do qual fazia parte o tema Homem do Leme. Circo de Feras salvou o rock português num período de tendências mais pop. Era o tempo dos UHF passarem o testemunho de maior banda rock de Portugal aos Xutos & Pontapés.
Pessoalmente as primeiras recordações que tenho dos Xutos remontam a este álbum que marcou a minha juventude. Tudo o que fiquei a conhecer do período anterior a Circo de Feras fui descobrindo mais tarde. Lembro-me quando um amigo meu me telefonou a dar-me a boa nova: tinha saído um grande álbum rock em português. Não foi o primeiro, mas certamente um dos primeiros LP que pedi aos meus pais. Até aqui tinha de contentar-me com compilações, só assim podia ter acesso a música variada pelo mesmo preço de um álbum original. De vez em quando enchia-me de coragem e lá pedia um LP. Apesar do início pop, já me tinha aventurado com Born In The USA de Bruce Springsteen ou Slippery When Wet dos Bon Jovi. Aos poucos o rock tinha mais um adepto.
Voltando a Circo de Feras... temas como Contentores, Não Sou o Único, N`América ou Circo de Feras tornaram-se êxitos imediatos. O rock era directo e contagiante como se quer. As músicas transbordavam energia e as letras falavam de evasão e liberdade, numa atmosfera muito próxima de Estou Além de Variações: " estou bem aonde não estou... só quero ir aonde não vou ". O Os portugueses renderam-se aos Xutos, mesmo aqueles que não estavam tão familiarizados com o género. Era frequente ouvir-se cantarolar as letras das músicas mais conhecidas. Circo de Feras marcou uma geração com uma liguangem (embora intemporal) muito próxima da juventude urbana portuguesa de meados de 80. Para além dos temas mencionados, fizeram parte deste autêntico álbum " best of " outras tantas pérolas que, referi-las, seria revelar na totalidade esta obra-prima do rock português.
Como terá sido possível tornar um álbum de apenas nove faixas num colosso da música portuguesa? Mérito da banda? - Certamente! Alguma sorte? Provavelmente, embora inteiramente merecida! Igualmente determinante foi a melhoria das condições de trabalho devido ao contrato assinado com a Polygram e a produção de Carlos Maria Trindade, um dos mais experientes teclistas portugueses, com provas dadas nos Heróis do Mar e Madredeus. A sua contribuição permitiu limar algumas arestas da sonoridade típica dos Xutos, de forma a apresentar um rock mais polido e abrangente (ou seja, mainstream), sem no entanto perder identidade.
Pessoalmente as primeiras recordações que tenho dos Xutos remontam a este álbum que marcou a minha juventude. Tudo o que fiquei a conhecer do período anterior a Circo de Feras fui descobrindo mais tarde. Lembro-me quando um amigo meu me telefonou a dar-me a boa nova: tinha saído um grande álbum rock em português. Não foi o primeiro, mas certamente um dos primeiros LP que pedi aos meus pais. Até aqui tinha de contentar-me com compilações, só assim podia ter acesso a música variada pelo mesmo preço de um álbum original. De vez em quando enchia-me de coragem e lá pedia um LP. Apesar do início pop, já me tinha aventurado com Born In The USA de Bruce Springsteen ou Slippery When Wet dos Bon Jovi. Aos poucos o rock tinha mais um adepto.
Voltando a Circo de Feras... temas como Contentores, Não Sou o Único, N`América ou Circo de Feras tornaram-se êxitos imediatos. O rock era directo e contagiante como se quer. As músicas transbordavam energia e as letras falavam de evasão e liberdade, numa atmosfera muito próxima de Estou Além de Variações: " estou bem aonde não estou... só quero ir aonde não vou ". O Os portugueses renderam-se aos Xutos, mesmo aqueles que não estavam tão familiarizados com o género. Era frequente ouvir-se cantarolar as letras das músicas mais conhecidas. Circo de Feras marcou uma geração com uma liguangem (embora intemporal) muito próxima da juventude urbana portuguesa de meados de 80. Para além dos temas mencionados, fizeram parte deste autêntico álbum " best of " outras tantas pérolas que, referi-las, seria revelar na totalidade esta obra-prima do rock português.
Como terá sido possível tornar um álbum de apenas nove faixas num colosso da música portuguesa? Mérito da banda? - Certamente! Alguma sorte? Provavelmente, embora inteiramente merecida! Igualmente determinante foi a melhoria das condições de trabalho devido ao contrato assinado com a Polygram e a produção de Carlos Maria Trindade, um dos mais experientes teclistas portugueses, com provas dadas nos Heróis do Mar e Madredeus. A sua contribuição permitiu limar algumas arestas da sonoridade típica dos Xutos, de forma a apresentar um rock mais polido e abrangente (ou seja, mainstream), sem no entanto perder identidade.
Enquanto o concerto não chega deixo-vos com um dos grandes clássicos de Circo de Feras, o single N`América, ao vivo em 1988, num dos momentos altos da digressão que decorreu ao longo de 4 meses e cujo resultado se saldou em 60 concertos e 240.000 espectadores! Palavras para quê...
- Contentores
- Sai P`rá Rua
- Pensão
- Desemprego
- Esta Cidade
- Não Sou o Único
- N`América
- Vida Malvada
- Circo de Feras
sábado, 17 de novembro de 2007
O 1º álbum de... INXS!
Depois dos U2, a rúbrica " O 1º álbum de... " vai trazer-nos outra grande banda que, pelo menos durante a década de 80 e início de 90, chegou a rivalizar em popularidade com os irlandeses. Estamos a falar dos INXS, provavelmente a maior banda de Rock da Austrália. Êxitos como Original Sin e Listen Like Thieves abriram as portas para o sucesso, mas seriam os álbuns Kick de 1987 (New Sensation, Devil Inside, Need You Tonight, Never Tear Us Apart, Mystify...) e X de 1990 (Suicide Blonde, Disappear, By My Side, Bitter Tears...) a consagrar definitivamente o grupo como um fenómeno à escala global. Os INXS foram, de facto, uma banda de estádio que facilmente esgotava grandes recintos por tudo o mundo. Como exemplo maior temos o grandioso concerto no antigo Estádio de Wembley em 1991. Apesar de todo este mediatismo, as vozes críticas duvidavam das virtudes do colectivo liderado por Michael Hutchence, apontando o dedo para o rock demasiado formatado dos australianos. As performances ao vivo também não escaparam à crítica, apresentando poucas diferenças em relação às versões de estúdio. Para os mais puristas, os INXS dificilmente eram olhados como uma verdadeira banda Rock.
O carisma do seu vocalista e as excelentes produções dos videoclips tornaram-se imagens de marca da banda. No final da década de 80 os INXS estavam na moda e eram o orgulho de qualquer jovem que se dizia fã ou apenas simpatizante da sua música. Mas em 1980 a realidade era bem diferente... os INXS eram uma banda de New Wave relativamente desconhecida. Just Keep Walking foi o single de apresentação retirado do primeiro álbum INXS, cujo video terá custado a módica quantia de 1.200 dólares. Com uma produção quase artesanal Michael Hutchence apresenta-se muito ao estilo Mick Jagger, em termos físicos e de performance. A sonoridade pouco ou nada tinha a ver com o som que tornaria o grupo conhecido do grande público anos mais tarde. Just Keep Walking aproximava-se mais de uns Talking Heads ou de uns Duran Duran dos primeiros tempos, senão vejamos...
O carisma do seu vocalista e as excelentes produções dos videoclips tornaram-se imagens de marca da banda. No final da década de 80 os INXS estavam na moda e eram o orgulho de qualquer jovem que se dizia fã ou apenas simpatizante da sua música. Mas em 1980 a realidade era bem diferente... os INXS eram uma banda de New Wave relativamente desconhecida. Just Keep Walking foi o single de apresentação retirado do primeiro álbum INXS, cujo video terá custado a módica quantia de 1.200 dólares. Com uma produção quase artesanal Michael Hutchence apresenta-se muito ao estilo Mick Jagger, em termos físicos e de performance. A sonoridade pouco ou nada tinha a ver com o som que tornaria o grupo conhecido do grande público anos mais tarde. Just Keep Walking aproximava-se mais de uns Talking Heads ou de uns Duran Duran dos primeiros tempos, senão vejamos...
1º Álbum - INXS - 1980
- On A Bus
- Doctor
- Just Keep Walking
- Learn To Smile
- Jumping
- In Vain
- Roller Skating
- Body Language
- Newsreel Babies
- Wishy Washy
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Anos 80: " Todos os Nº1 do Top Britânico "
A rúbrica Todos os Nº1 do Top Britânico dos Anos 80 está de volta. Depois do ano de 1980, é a vez de passar em retrospectiva o ano de 1981, que começa como terminou o ano anterior com St Winifred´s School Choir. Destaque logo no início do ano para John Lennon, com os singles Imagine e Woman a manterem-se no topo por seis semanas consecutivas, facto ao qual não foi alheio a morte do músico um mês antes. Jealous Guy, original de Lennon, mas desta vez interpretado pelos Roxy Music, conseguiria idêntico feito um mês depois. Mas a maior curiosidade terá sido provavelmente o Nº1 de Julio Iglesias a 5 de Dezembro, bem como o inesperado êxito de Shaddap You Face do norte-americano Joe Dolce. De resto os chart toppers habituais para consumo interno, como o rockabilly Shakin´ Stevens (This Ole House e Green Door) e os piratas do rock Adam and The Ants (Stand and Deliver e Prince Charming), ambos com dois Nº1. Por esta altura Michael Jackson ainda não se tinha tornado no rei da pop, os The Human League começavam a ser conhecidos do grande público e os Soft Cell estreavam-se em grande. O ano de 1981 também correu bem para os consagrados The Police, Queen e David Bowie, ao mesmo tempo que os The Specials confirmavam o estatuto de estrelas do Ska-revival. Dave Stweart, já nos Eurythmics, vinha dos The Tourists juntamente com Annie Lennox e Aneka com o seu One Hit Wonder Japansese Boy não iria muito longe. Para terminar resta-nos Being With You do norte-americano Smokey Robinson, o segundo registo Soul deste ano a chegar a Nº1.
1981
- There`s No One Quite Like Grandma - St Winifred´s School Choir (3 de Janeiro)
- Imagine - John Lennon (10, 17, 24 e 31 de Janeiro)
- Woman - John Lennon (7 e 14 de Fevereiro)
- Shaddap You Face - Joe Dolce Music Theatre (21 e 28 de Fevereiro, 7 de Março)
- Jealous Guy - Roxy Music (14 e 21 de Março)
- This Ole House - Shakin´Stevens (28 de Março, 4 e 11 de Abril)
- Making Your Mind Up - Bucks Fizz (18 e 25 de Abril, 2 de Maio)
- Stand and Deliver - Adam and The Ants (9, 16, 23 e 30 de Maio, 6 de Junho)
- Being With You - Smokey Robinson (13 e 20 de Junho)
- One Day in Your Life - Michael Jackson (27 de Junho, 4 de Julho)
- Ghost Town - The Specials (11, 18 e 25 de Julho)
- Green Door - Shakin´ Stevens (1, 8, 15 e 22 de Agosto)
- Japanese Boy - Aneka (29 de Agosto)
- Tainted Love - Soft Cell (5 e 12 de Setembro)
- Prince Charming - Adam and The Ants (19 e 26 de Setembro, 3 e 10 de Outubro)
- It`s My Party - Dave Stewart and Barbara Gaskin (17, 24 e 31 de Outubro, 7 de Novembro)
- Every Little Thing She Does Is Magic - The Police (14 de Novembro)
- Under Pressure - Queen and David Bowie (21 e 28 de Novembro)
- Begin The Beguine (Volver a Empezar) - Julio Iglesias (5 de Dezembro)
- Don`t You Want Me - The Human League (12, 19 e 26 de Dezembro)
sábado, 27 de outubro de 2007
100% New Wave! - Japan - " Life in Tokio "
O mês de Outubro tem sido fértil no que respeita a novas rúbricas aqui no Eléctrico 80: Todos os Nº1 do Top Britânico (que brevemente terá novo post dedicado ao ano de 1981) e o Primeiro álbum de... Desta vez a novidade dá pelo nome de 100% New Wave!, que não é mais do que relembrar alguns momentos marcantes do período compreendido entre 1978 e 1984, sem dúvida, o período com o qual me indentifico mais, daí que esta rúbrica seja a primeira que faço a pensar mais nos meus gostos do que nos dos ilustres visitantes deste blog. Trata-se no entanto de um caso pontual porque acima de tudo o Eléctrico 80 é para quem o visita e menos de quem está por detrás do mesmo. O que não significa que não haja quem não goste de New Wave, existe desde a mais acessível (Duran Duran) à mais estranha (John Foxx) e da mais respeitável (Talking Heads) à mais descartável (Toni Basil). O meu problema é gostar de todos embora tente encontrar um equilíbrio e escolher apenas o mais importante em termos de relevância musical.
Quando comecei verdadeiramente a interessar-me por música já a New Wave estava nas últimas, embora nunca tenham deixado de existir bons e maus exemplos inspirados neste género do Rock. Nos tempos que correm temos assistido provavelmente ao maior e mais significativo ressurgimento da New Wave desde 1984. Todo o gosto e interesse que fui adquirindo levou-me a fazer muito trabalho de casa ao longo dos anos de forma a ficar minimamente conhecedor do género. Felizmente e como já referi o presente momento que estamos a atravessar remete muito para um passado em que a New Wave foi raínha, atrevendo-me mesmo a dizer que estamos perante uma segunda New Wave, dada a proliferação de bandas como Interpol, The Long Blondes, ou The Sounds, entre muitas outras.
Quando comecei verdadeiramente a interessar-me por música já a New Wave estava nas últimas, embora nunca tenham deixado de existir bons e maus exemplos inspirados neste género do Rock. Nos tempos que correm temos assistido provavelmente ao maior e mais significativo ressurgimento da New Wave desde 1984. Todo o gosto e interesse que fui adquirindo levou-me a fazer muito trabalho de casa ao longo dos anos de forma a ficar minimamente conhecedor do género. Felizmente e como já referi o presente momento que estamos a atravessar remete muito para um passado em que a New Wave foi raínha, atrevendo-me mesmo a dizer que estamos perante uma segunda New Wave, dada a proliferação de bandas como Interpol, The Long Blondes, ou The Sounds, entre muitas outras.
Mas em termos musicais em que consistia a New Wave? - Em breves palavras encontrei esta definição no Allmusic Guide que diz o seguinte:
" New Wave was a catch-all term for the music that directly followed punk rock; often, the term encompassed punk itself, as well. In retrospect, it became clear that the music following punk could be divided, more or less, into two categories — post-punk and new wave. Where post-punk was arty, difficult, and challenging, new wave was pop music, pure and simple. It retained the fresh vigor and irreverence of punk music, as well as a fascination with electronics, style, and art. "
Aproveitando a recente vinda de David Sylvian a Portugal no passado dia 21 de Outubro ao Grande Auditório do CCB, onde apresentou a sua Tour 2007 The World Is Everything, recuamos um pouco no tempo à data em que Sylvian era vocalista dos Japan, uma das bandas emblemáticas deste período. É certo que a carreira do músico evoluiu noutras áreas com pouco ou nada a ver com o trabalho realizado nos Japan, prova do talento e ecletismo de Sylvian enquanto letrista e compositor. Mas como o passado não se apaga e o tema, bem como os tempos são de New Wave, recuemos ao ano de 1981 para recordar Life in Tokio, single que contou com a colaboração do produtor Giorgio Moroder.
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